Ronaldo e Victor eram colegas na faculdade de Medicina e Robótica, embora os interesses deles fossem bem diferentes. Enquanto Victor era um jovem promissor, sempre absorto em seus estudos, Ronaldo era conhecido por sua personalidade extrovertida e pelo senso de humor afiado. Ronaldo tinha um hábito irritante de fazer piadas sobre os atrasos constantes de Victor. Ele costumava entrar na sala de aula e anunciar, com um sorriso sardônico: "Boa tarde a todos, desculpem pela interrupção do Victor, mas vocês sabem como ele é lerdinho... parece que ele precisa de uma máquina do tempo para chegar na aula na hora certa!"
As risadas da turma ecoavam, e Victor se sentia humilhado toda vez que isso acontecia. Todos os dias uma piadinha diferente. E Victor era um jovem talentoso, mas sempre teve dificuldades com a pontualidade. O riso de seus colegas era um lembrete constante de suas falhas e dificuldades. Victor tinha que conciliar trabalho e estudo, pois tinha necessidade de sustentar vários sobrinhos após a morte de seus 3 irmãos e suas respectivas cunhadas.
No entanto, Victor era um estudante de talento excepcional, e sua paixão por suas disciplinas o impulsionou a superar os desafios. Ele passava noites sem dormir, aprimorando seu conhecimento em medicina. Victor também tinha um pé de conhecimento no ocultismo e sempre buscava conhecimento sobre magia negra. Com o tempo, ele desenvolveu uma fissura indescritível por adquirir conhecimento relativo a habilidade de manipular o tempo… mas jamais conseguiria realizar tal feito.
Um ano se passou, e Victor havia tido o suficiente das piadas cruéis de Ronaldo. Certo dia ele o convidou para jantar em sua casa, e Ronaldo aceitou. Ronaldo se surpreendeu mas aceitou. Ronaldo não desconfiava que Victor guardava rancor de suas piadas e aceitou o convite já pensando em qual piada faria no momento que visse que o jantar iria atrasar. Victor falou para Ronaldo ir sozinho, pois queria contar sobre uma descoberta que fez na robótica.
O dia do jantar chegou. Era dia 12 de dezembro de 1812. Durante o jantar, em um ambiente sombrio e sinistro, Victor revelou seus verdadeiros planos. Ao gritar fervoroso das palavras “RAIOS E TROVÕES”, Victor ficou com os olhos em chamas, sua pele exalou enxofre e com suas mão apontadas para o céu, um raio caiu sob o telhado frágil da casa de Victor e atingiu Ronaldo. Foi lançado o feitiço mais fervoroso sobre Ronaldo, que o transformou instantaneamente em um relógio. Ronaldo ficou paralisado, incapaz de se mover ou falar, preso no corpo do objeto que ele costumava zombar.
- Você não vai jamais esquecer de anunciar a hora, o minuto, o segundo e o milésimo que eu chego, Ronaldo, Victor disse com um sorriso frio.
- Agora, você ficará aqui para sempre, cumprindo seu papel como um relógio que anuncia a minha chegada.
Com muito esforço, Victor empurrou o relógio que tinha tamanho humano até próximo da sua porta de entrada. Ronaldo estava preso, incapaz de interagir com o mundo exterior, mas sua mente ainda estava consciente. Ele viu a vida continuar sem ele, sua esposa sofrendo com sua misteriosa desaparição e sua filha crescer sem a presença do pai.
O relógio Ronaldo, agora fundido a seu ser, se tornou um ser eterno, um cronometrista do Castelo Rá-Tim-Bum, sempre anunciando o horário exato da chegada do Dr. Victor. Ronaldo, o homem que uma vez zombou dos atrasos do colega, nunca mais foi visto na sociedade. Sua existência se limitava àquele objeto inanimado na parede, e sua voz, agora transformada em carrilhão, ecoava pelos corredores do castelo como um eco fantasmagórico de sua antiga vida.
Assim, Ronaldo Richard Pereira desapareceu, deixando para trás apenas uma lembrança sinistra e aterrorizante da noite em que suas piadas cruéis o transformaram em um relógio que se tornou parte sombria do Castelo Rá-Tim-Bum.
Ronaldo viu Victor se tornar Doutor, Mestre, e um dos maiores feiticeiros ocultistas que o mundo já viu, mas ninguém sabia sobre a perversidade do então Dr. Victor, a não ser seu saudoso colega de faculdade Ronaldo, que observou o tempo passar e Victor contando para todos, inclusive para sua família, que o Relógio havia sido um dos seus primeiros “inventos” na faculdade.
A única fotografia registrada de Ronaldo Richard Pereira. |